
As Redescobertas do Mundo dos Negócios
Falar de negócios é falar de relações interpessoais para fins de desenvolvimento sócio-econômico e satisfação pessoal das partes que interagem nestas relações. A nova perspectiva do mundo dos negócios acena para uma forma de tratamento entre as pessoas que tenta resgatar o respeito pelo ser humano, seja nas relações entre funcionários de uma mesma empresa ou na relação desta empresa com seus fornecedores e clientes. Quanto mais humana for a relação, maiores resultados serão obtidos. Quanto mais materialista, egoísta e meramente mercantilista for o envolvimento, menores as chances de se obter resultados realmente satisfatórios.
O Dr. Weil, quando abordado por certos empresários insatisfeitos, os quais queixavam-se que “A coisa não anda!”, por não verem os benefícios cedidos aos funcionários renderem uma maior produtividade, afirma:
“A coisa não anda”, porque ainda não foi criado dentro da empresa um ambiente de trabalho feito de confiança mútua e de respeito humano. O pessoal recebe ordens secas a serem cumpridas sem a mínima explicação e satisfação. Ora, sabe-se hoje que uma pessoa que faz uma coisa ciente da importância do seu trabalho e do seu respectivo valor, produz muito mais do que uma pessoa da qual se pede simplesmente obediência. (1978, 30-31)
Praticamente todas as experiências na vida são acompanhadas de satisfação ou não, dependendo do tipo de relacionamento que se mantém com as pessoas com quem se compartilha tais experiências. Porque, no final das contas, o que cada um dos seres humanos quer é usufruir relacionamentos que lhe confira um senso de valor e significado, de forma que a vida não se transforme em apenas numa sucessão de eventos pessoais provocados pelo vento do acaso. Como diz Kivitz: “O sentido da vida está em viver. Mas não um viver qualquer. Um viver qualquer é mera existência, suceder de dias” (2003, 8). Qualquer um que reflita seriamente na vida, jamais se contentará em viver sem perspectivas e sem propósitos, tendo em vista apenas a mera sobrevivência. Seja na escola, trabalho ou na família, mais importante que conquistar coisas que se tornam fins em si mesmas, é usufruir estas conquistas num ambiente de propósito, paz e harmonia com os que estão em volta.
Todos os livros que abordam questões relacionadas com o sucesso nos negócios apontam inexoravelmente para a necessidade da construção de uma saudável socialização com outros, de forma a gerar satisfação e harmonia entre as parte envolvidas. Mais que isto, nenhum destes livros nega a essencialidade de um cultivo pessoal que sirva como base para o desenvolvimento destas relações. Pelo contrário, há uma forte ênfase quanto a necessidade de tomar cuidados com o ser interior, numa busca de alcançar um equilíbrio pessoal que favoreça um alicerce seguro para a devida construção nas relações com outros. De fato, dificilmente alguém será bem sucedido nas interações humanas, caso não tenha sucesso no cultivo do próprio ser. As boas relações sociais são totalmente dependentes da boa relação que uma pessoa tem consigo mesma. Nas palavras de Covey (1989, 204), a vitória interna precede a vitória em público.
Você pode tentar melhorar suas interações sociais através de técnicas e manipulação da personalidade, mas corre o risco de afetar o caráter básico vital durante o processo. Não se pode ter os frutos sem as raízes. É o princípio da seqüência: a Vitória Interna precede a Vitória em Público. O autocontrole e a disciplina pessoal são a base de um bom relacionamento com os outros.
Na busca de realização pessoal, tema básico na tão popular literatura de auto-ajuda, nota-se o nítido intercâmbio de foco, isto é, para ser pessoalmente realizada, a pessoa necessita nutrir bons relacionamentos com outros; porém, para ser socialmente bem-sucedida, esta pessoa não deve descuidar de si mesma, investindo diligentemente no seu interior tendo em vista um satisfatório equilíbrio.
A temática das relações humanas é reconhecida como alvo da mais séria atenção de todos. Atribui-se a Dag Hammarskjold, ex-secretário-geral das Nações Unidas, o seguinte pensamento: “É mais nobre se entregar completamente a um indivíduo do que trabalhar diligentemente pela salvação das massas” (COVEY:1989, 221). O problema é que a cultura vigente funciona em torno de paradigmas que coroa o “super-herói” que salva a multidão, ainda que seja mera ficção; ovaciona histericamente o “super-star” que comove por sua performance profissional, não levando em consideração seu caráter ou a forma como trata os mais íntimos; eleva ao pedestal superior o mais bonito, inteligente e capaz, ainda que este não seja o mais ético e o mais confiável. A despeito de tanta incoerência, não se pode deixar de insistir em focalizar no que realmente importa, “se entregar completamente a um indivíduo” numa relação que celebra a vida real nos seus detalhes corriqueiros e fundamentais da existência humana. Afinal, ao contrário do que muitos pensam, a vida só se torna prazerosa e digna de ser vivida quando as pequenas coisas são valorizadas.
As pequenas gentilezas e cortesias são muito importantes. A falta de cortesia, o descaso ou o desrespeito, mesmo mínimos, provocam um afastamento considerável. Nos relacionamentos, as pequenas coisas se equivalem às grandes coisas”. (COVEY:1989, 211)
São estas “pequenas gentilezas e cortesias” no ambiente profissional, familiar e em qualquer outro meio social, que têm condições de edificar vidas com sentido, melhores e mais saudáveis. Geralmente, são os momentos comuns da vida, aqueles que ninguém se importa em colocar na primeira página dos jornais, que preenchem o viver com significado: o abraço do cônjuge, o beijo dos filhos, o passeio com a família na praia, o abraço amigo despretensioso, o sorriso dos colegas de classe ou do trabalho, o elogio sincero do professor ou do patrão, a simples atenção do aluno ou do funcionário, o respeito do vizinho. Não são exatamente estas expressões de humanidade que todos mais desejam experimentar?
A esperança, é que as instituições religiosas, científicas e corporativas se empenhem em estimular formas de interação humana que contemple a sociedade com uma experiência de vida que rompa com o individualismo egoísta, a competição inclemente e a desconsideração para com os que não têm força nem estrutura para enfrentar uma cultura tão irracional e desumana.
Que o conceito de vitória exposto por Stephen Covey, que acredita que nas interações entre pessoas só há vitória quando todos ganham, possa ser levado em consideração por aqueles que desejam entender qual o propósito da vida.
Vencer/Vencer é um estado de espírito que busca constantemente o benefício mútuo em todas as interações humanas. Vencer/Vencer significa entender que os acordos e soluções são mutuamente benéficos, mutuamente satisfatórios. Com uma solução do tipo Vencer/Vencer, todas as partes se sentem bem com a decisão, e comprometidas com o plano de ação. Vencer/Vencer vê a vida como uma cooperativa, não como um local de competição. A maioria das pessoas se acostuma a pensar em termos de dicotomia: forte ou fraco, duro ou mole, perder ou vencer. Mas este tipo de pensamento tem falhas estruturais. Ele se baseia no poder ou na posição, e não nos princípios. Vencer/Vencer se baseia no paradigma de que há bastante para todos, que o sucesso de uma pessoa não se conquista com o sacrifício ou a exclusão da outra. (1989, 228)
Este capítulo, que traz uma abordagem mais humanista e baseada em pensamentos ventilados no meio científico e empresarial, tem o propósito de desafiar os cristãos quanto ao tipo de relacionamentos que têm desenvolvido entre si. Ora, se até muitos dos que não crêem em Deus advogam, de forma tão contundente, sobre a necessidade de haver um trato mais humano entre as pessoas nas suas muitas relações, tanto maior deveria ser a atenção, neste aspecto, daqueles que se chamam “povo de Deus”.
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