
A Contribuição da Ciência Moderna
Muitas ciências consideradas novas, como a sociologia e a psicologia, tratam do homem nas suas muitas relações sociais, seja no âmbito familiar, profissional ou comunitário, e os seus efeitos na saúde física, mental e emocional deste mesmo homem. Nestas relações, a devida interação interpessoal é imprescindível para o alcance de alguns dos principais objetivos do homem, tais como, sua felicidade e perfeita harmonia no meio em que vive.
Pierre Weil, Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris, celebrando a trigésima edição de seu best-seller : Relações Humanas na Família e no Trabalho, prefacia esta mesma edição compartilhando várias possibilidades de resposta a uma pergunta que tem feito a si mesmo a respeito do seu livro: “Qual a razão de tamanho sucesso?”. Como uma das possíveis respostas, ele afirma o seguinte:
Tenho observado também que o título Relações Humanas exerce um poder de atração muito especial. Isto se deve, sem dúvida, a um fator importante na vida moderna: a deterioração tanto da “Relação” quanto dos valores do “Humano”. Cresce continuamente a solidão nas grandes cidades, tornando-se motivo de sofrimento para muita gente. De outro lado, os grandes valores eternos da humanidade: a Beleza, a Verdade e o Amor..., estão sendo eliminados, oprimidos pela tecnologia e frieza de uma certa ciência fundamentada num cartesianismo já quase obsoleto. (1978, 13)
A partir da forma de racionalização própria do Iluminismo, muitos passaram a propagar a “morte de Deus” e a tratar o homem como um feliz resultado de um grande acidente cósmico ocorrido há bilhões de anos atrás. Num momento posterior à Era Iluminista, surge a Revolução Industrial, sedimentadora de uma cultura capitalista selvagem, a qual transformou o homem numa peça de engrenagem que visa a produção e o enriquecimento de corporações para o benefício de uma pequena casta de dominadores. Como resultado do pensamento Iluminista e Industrial, o ser humano é reduzido a um simples animal evoluído, inteligente o suficiente para manter a produção e alimentar o sistema dominante. Com este tipo de descaracterização, não é de se admirar a agonia que muitos experimentam por viverem numa cultura de relações distorcidas entre seres desumanizados.
Parte da comunidade científica passou a descartar Deus, mas até hoje esta mesma parte não consegue desconsiderar elementos morais intrínsecos ao homem, os quais advogam eloqüentemente a favor de uma causa primeira pessoal e inteligente. Estes “elementos morais” tais como: verdade, justiça e amor, acabam sendo requeridos em termos de prática, na medida que os homens se esforçam para relacionarem-se entre si, numa interação construtiva que visa o benefício de todos. A partir daí, as Ciências Humanas entram como uma ferramenta que pode colaborar para esta boa interação pretendida. Weil, focalizando esta interação no âmbito do trabalho, afirma que é de competência da ciência:
Estudar as forças que fazem com que os indivíduos gostem um do outro, assim, a dinâmica psicossocial do grupo que se queira estruturar, ou mesmo reestruturar, para atingir melhor o objetivo, eis a primeira medida a tomar, a fim de se conseguir o máximo de rendimento de uma equipe de trabalho. Os psicólogos e sociólogos estão aptos a realizar esta importante investigação. Quanto mais a distribuição das funções, a distribuição do trabalho e a estrutura administrativa se aproximarem da realidade sócio-dinâmica do grupo, maiores serão as possibilidades de êxito. (1978, 37-38)
O que Weil chama de “realidade sócio-dinâmica do grupo”, Covey (1989, 205) denomina de “interdependência”, o que para ele é “a capacidade de construir relacionamentos ricos, duradouros e altamente produtivos com outras pessoas”. É para a possibilidade de construção destes tipos de relacionamentos que as ciências sociais apontam, desejando contribuir com a sociedade para a construção de uma realidade mais próxima daquilo que se considera o ideal.
Sem sombra de dúvidas, a ciência dos homens tem dado a sua colaboração para que se propague conceitos e princípios fundamentais quanto ao trato dos seres humanos entre si. No entanto, evitando alguma forma de pretensão ufana, é preciso assinalar que a ciência moderna, com suas novas terminologias e formas próprias de expressão, está apenas repetindo o que a legítima tradição cristã tem proclamado ao longo dos últimos vinte séculos. Para chegar a tal constatação, basta ler o que o Dr. Pierre Weil propõe como “Os 10 Mandamentos de Um Membro de Um Grupo” (1978, 45-46).
1. Respeitar o próximo como ser humano.
2. Evitar de cortar a palavra a quem fala; esperar a sua vez.
3. Controlar as suas reações agressivas, evitando ser indelicado ou mesmo irônico.
4. Evitar o “pular” por cima de seu chefe imediato; quando o fizer, dar uma explicação.
5. Procurar conhecer melhor os membros do seu grupo, a fim de compreende-los e de se adaptar à personalidade de cada um.
6. Evitar o tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não ser a pedido deste ou em caso de emergência.
7. Procurar a causa das suas antipatias, a fim de vencê-las.
8. Estar sempre sorridente.
9. Procurar definir bem o sentido das palavras no caso de discussões em grupo, para evitar mal-entendidos.
10. Ser modesto nas discussões; pensar que talvez o outro tenha razão, e, se não, procurar compreender-lhe as razões.
Tanto nesta lista, como numa outra que o mesmo autor assinalou como “Os 10 Mandamentos do Líder” (1978, 75), praticamente dá para correlacionar vários textos bíblicos a cada um dos preceitos propostos. Não se quer, com tal afirmação, diminuir a importância do trabalho de profissionais como o Dr. Weil, mas apontar para o fato de que os princípios que regem relacionamentos saudáveis sempre serão os mesmos, independentemente do grupo social ao qual se pertence ou da linha de racionalização que se adote, seja bíblica ou científica.
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