
O Reavivamento com Cho (Igreja de Seul)
Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, surge uma nova personalidade no quadro eclesiástico global, Paul Yong Cho. Como pastor de uma comunidade de cristãos na cidade de Seul, estruturou sua igreja em pequenos grupos de irmãos para ensino e cuidado mútuo. Cada grupo tinha um líder e um auxiliar, os quais eram responsáveis pelo pastoreio do seu respectivo “grupo familiar”, que era como Cho chamava, e ainda chama, os pequenos grupos. Por conta da eficiência do acompanhamento pessoal e do trabalho dinâmico no alcance de mais pessoas através dos grupos familiares, a Igreja Yoido do Evangelho Pleno tornou-se a maior igreja da história do cristianismo, contando atualmente com centenas de milhares de membros na Coréia do Sul.
Assim como no caso do trabalho de Wesley na Inglaterra, a estrutura de pequenos grupos na igreja de Cho também se deu incidentalmente. Ele próprio conta que os grupos familiares foram formados para viabilizar o pastoreio e cuidado dos irmãos, num período em que adoecera. Mesmo depois de recuperado da enfermidade, Cho manteve a estrutura de células, a qual continuou sendo muito eficaz no aspecto de evangelismo, discipulado e acompanhamento dos membros. (CHO:1982, 58)
Abaixo temos o testemunho do próprio pastor coreano sobre a importância dos grupos familiares para o avivamento que eles experimentaram a partir da década de 60.
Os membros da Igreja Central do Evangelho Pleno estão entusiasmados. Experimentam reavivamento 365 dias por ano. Toda igreja precisa deste tipo de reavivamento e os membros de nossa igreja experimentam-no porque têm participação ativa nele. Reavivamento algum devia ser produto de uma única pessoa. Não reivindico responsabilidade pelo reavivamento que ocorre em nossa igreja. De fato, o reavivamento continua, quer eu esteja presente quer não, e, atualmente, gasto seis meses do ano viajando fora da Coréia. A igreja experimenta reavivamento quando não estou presente porque o Espírito Santo é capaz de usar todos os membros mediante os grupos familiares. Isso significa que o reavivamento não desaparecerá depois que eu passar, não enquanto a igreja aderir aos princípios dos grupos familiares sob a liderança do Espírito Santo. Há muita segurança para os membros nos grupos. Cada um torna-se membro da família com outros do grupo em um tipo de relacionamento social que é mais do que uma comunidade. No grupo cada pessoa é livre para discutir seus problemas e buscar aconselhamento e oração por eles. De fato, o relacionamento vai além do aconselhamento e oração; os membros realmente cuidam uns dos outros. (CHO:1982, 60)
Na igreja de Yoido do Evangelho Pleno, a estrutura de células não é apenas um ministério no meio de diversos outros que ocupam a agenda de seus membros. Lá, os grupos pequenos são a base de todo o trabalho e o eixo em torno do qual tudo se movimenta. O próprio Cho afirma que “Grupo familiar é a peça fundamental de nossa igreja. Não se trata de outro programa da igreja – é o programa da igreja” (CHO:1985, 46). A partir da estrutura de grupos familiares, tudo o mais é levado à efeito: a evangelização é concretizada na medida que o grupo, que funciona numa casa, se envolve na vida dos vizinhos e os convidam para as reuniões, onde escutam a Palavra de Deus; o discipulado é viabilizado, já que os novos convertidos passam a participar do grupo, tendo o compromisso de assiduidade e dedicação aos momentos de estudo bíblico e oração; a comunhão é aprofundada por meio do constante contato, interação e cooperação efetiva na vida uns dos outros; e a formação de novos líderes é facilitada, na proporção do envolvimento de cada membro do grupo no exercício de seus ministérios para o benefício dos demais.
Neste contexto de participação comunitária e restauração do sacerdócio de cada crente em Jesus, a igreja liderada pelo Pr Cho tem se tornado referencial para centenas e milhares de outras igrejas ao redor do mundo, as quais têm adotado os princípios vividos pela igreja de Seul. No entanto, deve-se reconhecer que muitas comunidades de cristãos, atraídas pelos testemunhos que o Pr Cho compartilhou nos seus livros, apressaram-se em implantar o sistema de grupos como algo paralelo à estrutura tradicional que vinham mantendo, causando assim, muitas frustrações; pois incorporaram as células ou grupos familiares como uma espécie de atividade adicional a vários outros programas que competiam pelo, já tão escasso, tempo do membro da igreja. O resultado foi uma superatividade por parte dos comprometidos que desejavam ser fiéis aos eventos e reuniões da igreja, enquanto houve uma aparente desconsideração por parte dos “descompromissados” que não conseguiram participar das novas ofertas congregacionais. Daí, algumas igrejas acabaram desistindo do sistema de grupos familiares, como se o problema estivesse na estrutura de grupo, e não na forma como ele foi aplicado. Felizmente, existem muitas igrejas que acertaram o passo, como será visto adiante.
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