
Visitação Entre Os Membros
O institucionalismo da religião cristã tem provocado uma relação muito superficial entre os membros de igrejas. As pessoas passaram a viver um cristianismo de reuniões impessoais, centralizadas na figura de um sacerdote, seja católico ou protestante, e onde há pouco espaço para relacionamentos profundos. Na visão de Ralph Neighbour:
Os primeiros cristãos se organizaram imediatamente em “grupos caseiros”, de 10-15 pessoas. Eles não usaram construções especiais para os seus encontros. Em vez disso, foram de casa em casa, compartilhando a sua comida e encorajando uns aos outros. Eles eram sensíveis às necessidades uns dos outros. Com o passar dos séculos, o povo de Deus deixou de ser uma família para ser uma organização. A igreja se tornou uma instituição. Levou alguns séculos, mas aos poucos a vida da família do povo de Deus foi substituída por diversos encontros em edifícios formais chamados de “igrejas”.
Devido ao impessoalismo que se instalou na cultura cristã, muitos nunca experimentaram viver o tipo de comunidade que Deus idealizou e que deixou exemplificada nas páginas do Novo Testamento. Durante a semana inteira, cristãos correm de um lado para outro, ocupados com trabalho, faculdade, atividades de lazer e viagens, limitando seu tempo “religioso” à meras duas horas de cada Domingo. Tal pessoa está fadada a uma vida essencialmente materialista e egoísta, sem qualquer relacionamento significativo que lhe proporcione viver o que a Bíblia chama de Reino de Deus.
Daí a importância de se procurar fazer parte de um grupo pequeno de discípulos de Jesus, com os quais se possa interagir e desenvolver um nível de convivência que possibilite o cumprimento do “uns aos outros”, tão necessário para o crescimento espiritual de cada cristão.
Nesta interatividade, não basta reunir, é necessário visitar uns aos outros e compartilhar momentos extra-reuniões. A visitação nas casas é absolutamente importante, pois proporciona um ambiente familiar que facilita a intimidade e profundidade relacional. É no momento destas visitas, que há espaço para confidências, transparência e desenvolvimento de conversas que vão ao encontro de solucionar problemas que dificilmente seriam expostos numa reunião com muitas pessoas.
Geralmente, visita em casas é algo que se espera do pastor da igreja, já que se acredita que este é o papel dele. No entanto, todos os membros do grupo precisam assumir a responsabilidade de cuidado mútuo. O apóstolo Paulo descreve a igreja como sendo o corpo de Cristo, formada de pessoas que se tornam membros uns dos outros.
Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito (...) De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam. Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. (I Coríntios 12.12,13,26,27)
Para que este cuidado se concretize, faz-se necessário proximidade e intimidade, o que só é possível se houver disposição em ir ao encontro das pessoas com suas necessidades onde elas estão, e onde se sentirão mais à vontade em se abrirem. Desta forma, cada cristão será devidamente cuidado e não se tornará em apenas mais um número estatístico de igreja.
Quando uma congregação entra em crescimento, requer-se estratégias que ajudem não só a manter a igreja, mas também contribuam para que cada membro conserve sua identidade, uma vez que o grande risco a que se expõe a membresia, é que cada um seja apenas mais um ponto num conglomerado.
O trabalho de visitação constante entre os membros dos diversos grupos da igreja produzirá saúde espiritual em qualquer comunidade de cristãos, porque todos se sentirão apoiados, cuidados e valorizados.
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